Ele voltou
Sem avisos, sem pressa,
como quem conhece cada brecha
do meu peito mal fechado.
Não me olhou, aliás, nunca precisou.
Só sentou, outra vez junto a mim,
com aquele peso invisível
que desorganiza os móveis da alma.
Dessa vez, não gritou.
Sussurrou por dentro,
com a voz de tudo
que deixei para amanhã.
Veio me lembrar
das mensagens que não escrevi,
das palavras que engoli,
dos abraços que não ousei pedir.
Trouxe de volta os ecos
que deixei esquecidos
nos corredores do tempo.
E como sempre,
falou sem dizer,
tocou sem encostar,
quebrou sem barulho.
Eu tentei ignorá-lo,
mas ele já morava
na parte mais quieta de mim.
E enquanto o mundo gritava lá fora,
ele me convenceu mais uma vez,
de que o silêncio nunca foi ausência.
Sempre foi presença demais.
Autor: Um Eterno Sonhador