O silêncio chega lentamente,
Com passos descalços, mas decididos,
Varrendo todas as vozes
Que deixei esquecidas no tempo.
Ele se senta ao meu lado,
Não diz uma só palavra,
Mas pesa mais que mil verdades
Que evitei pronunciar.
Ele me chama,
Mas não usa som.
Seu convite é uma ausência
Que ecoa mais alto
Que o grito contido
Dentro de mim.
Ele grita
Não com fúria,
Mas com a força das emoções
Que insisto em sufocar.
E eu, surdo de mim,
Finjo que não escuto.
Até que, cansado,
O silêncio se cala,
Mas sua mudez
Explode dentro da minha alma,
Como trovão em céu calmo.
Nesse instante,
Descubro que ele sempre disse
Aquilo que me neguei a confessar:
As verdades sem moldura,
As saudades que escondo,
Os medos que disfarço com sorrisos.
E, nesse momento,
Percebo, enfim,
Que o silêncio diz
Tudo aquilo que
Eu não gostaria de ouvir.
É quando ele percebe
Que falou tudo o quanto queria,
E que suas palavras caíram
Como um terremoto em minha vida.
Então, somente então, ele se cala,
e se retira ruidosamente.
Autor: Um Eterno Sonhador.