Preciso de uma escrivaninha nova,
Com muitas gavetas para guardar
As minhas últimas frustrações,
Que vieram só para atrapalhar.
Quero espaço para cada ferida,
Uma gaveta para cada dor,
Onde eu possa trancá-las bem fundo
Longe do toque, distante do amor.
Na gaveta maior, guardarei os sonhos
Que se quebraram pelo caminho,
Em outra, os silêncios profundos
Que transformaram o riso em espinho.
Os amores mal vividos,
As palavras que ficaram no ar,
Terão suas próprias moradas,
Para que eu possa, descansar.
Mas desejo compartimento secreto,
Para abrigar um pouco de esperança,
Que mesmo em meio ao caos discreto,
Se mantenha viva como uma criança.
Que a escrivaninha seja meu refúgio,
Meu lugar de organizar o tormento,
Mas que também seja o começo,
De um novo capítulo, um novo tempo.